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ivobal11Jovem, aguerrido e frontal nas suas opiniões. Ivo Nogueira é um dos jovens valores do nosso automobilismo e tem provado isso, apesar de nem tudo ter sido fácil nestes primeiros ralis ao volante do novo DS3.

Qual o balanço da primeira fase da temporada?
Penso que não é totalmente positivo, apesar dos dois pódios no Torrié e Fafe. No início do ano, subestimei um pouco a adaptação necessária ao Citroën DS3, um carro novo, que está numa fase de desenvolvimento inicial e que é bastante diferente do que tinha guiado até aqui (motor turbo, electrónica, suspensões, afinações, etc.). Eu próprio tenho de melhorar em vários aspectos e para isso há que fazer mais quilómetros com o carro para ganhar confiança e sermos mais competitivos. Penso que a forma como trabalhámos e abordámos o Rali de Vila Verde é o caminho a seguir. Foi pena a desistência porque tornou mais difícil a luta pelo primeiro lugar. Já não dependemos só de nós mas vamos continuar a lutar até ao fim.

Quais foram os melhores e piores momentos?
O melhor momento foi o 3º lugar à geral no Rali Torrié. Além de ter sido um resultado positivo, foi o culminar de uma pré-época com muito trabalho, desde a construção e preparação do carro (só concluída dias antes), de procura de patrocinadores (sempre difícil nesta conjuntura), de elaboração de um plano de comunicação, etc. Acho que nesses meses que antecederam o Torrié tive a primeira amostra do quão difícil é ser um piloto profissional em Portugal. É algo a que qualquer jovem piloto aspira mas muitas vezes não percebem o quão difícil é, sobretudo quando temos apenas um pequeno grupo de pessoas a ajudar-nos.

O pior momento foi o toque na Super-especial do Rali de Portugal, que me prejudicou imenso. Atrasei-me logo aí e depois fui obrigado a desistir no dia seguinte. Tinha decidido encarar o rali como uma aprendizagem, sem pressões, e ir evoluindo ao longo da prova, foi de facto uma lição valiosa.

Que perspectivas e qual vai ser a estratégia para a segunda fase da temporada?
Primeiro de tudo, queremos fazer muitos quilómetros com o carro para encararmos as provas de maneira diferente. Antes de pensar em resultados, quero trabalhar muito e sentir maior confiança no DS3. Quando atingir esse ponto, acho que poderei lutar pela vitória num dos três ralis que faltam. É preciso ver que o CPR2 tem três pilotos com carros e experiências diferentes, mas que, na prática, têm andamentos parecidos. Nunca é fácil vencer uma prova, mas esse é o nosso objectivo até ao final do ano.

Qual é a vossa opinião sobre o momento actual dos ralis em Portugal?
É um momento muito complicado... Eu tenho apenas 21 anos, se calhar não sou a pessoa mais habilitada para comparar o presente com o passado. Mas para os pilotos o panorama não pode ser atractivo. Falta uma estratégia por parte dos responsáveis deste desporto, faltam ideias novas para inverter a situação. A crise económica é usada demasiadas vezes como desculpa para a falta de ideias.

Também os próprios pilotos têm de perceber que os ralis mudaram com a própria sociedade da informação. Têm de trabalhar muito no carro, é claro, mas também têm de ser cada vez mais profissionais e dedicados, têm de estar atentos à questão da imagem e da comunicação, têm de justificar o investimento de quem os apoia, principalmente num mercado pequeno como Portugal. Ao contrário dos circuitos, os ralis não têm falta de espectadores. Temos mostrar isso mesmo aos patrocinadores, temos de provar que os ralis continuam a ser um investimento com retorno enorme. Mas claro que para isso precisamos de uma boa plataforma, precisamos de um campeonato credível, organizado, adaptado à realidade e que atraia participantes – e isso compete a quem dirige este desporto.

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