Share

daniQuando a paixão está em jogo e se põe empenho e coragem para alcançar um objetivo, não há obstáculos. Um claro exemplo disto mesmo são Daniel Nunes e Nuno Mota, piloto e copiloto do Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) que este ano querem levar o nome da Ford ao mais alto do pódio, competindo ao volante do Fiesta Rally3.

O conceito “tempo livre” não existe nas suas vidas. Pilotos não profissionais, ambos desenvolvem outras profissões, ainda que relacionadas com o mundo automóvel, dedicam todo o tempo fora do trabalho ao mundo do desporto motorizado. Férias, fins de semana, qualquer segundo livre é ocupado por atividades que visam melhorar o desempenho ao volante do Ford Fiesta Rally3.

Tanto esforço e sacrifício valem a pena graças à forte paixão que, tal como a Ford, sentem por este desporto e pelo mundo do motor em geral. “Comecei a competir aos 14 anos e até agora”, comenta Daniel, um piloto de raça cujo amor pelo motor foi inclusive mais forte que o grave acidente que sofreu em 2019 e que o obrigou a estar nos cuidados intensivos durante algum tempo.

Mas as preocupações não cabem no habitáculo do Ford Fiesta Rally3; uma vez sentados a bordo, as suas mentes só pensam em como ser um pouco melhores e como ganhar. “A adrenalina não deixa sentir medo”, explicam ambos.

Nesta entrevista, vamos conhecer um pouco melhor estes dois grandes do automobilismo português.

Entrevista com Daniel Nunes e Nuno Mota

Quando é que o Daniel começou a correr como piloto em ralis?
Daniel: Em provas desportivas, ainda não tinha carta de condução, desde 2004, e depois em ralis, quando fiz 18 anos, em 2009. Uma vida!

E porque decidiu correr agora com a Ford?
Daniel: Sempre fui um fã da Ford e sempre tive uma paixão pelos seus carros. Este ano, com as alterações regulamentares da FIA e dada a evolução do Fiesta Rally3, senti que tinha chegado a oportunidade ideal para começarmos a competir num Ford quatro rodas motrizes e, por isso, escolhemos o Fiesta Rally3.

Nuno: Sim, até porque o Ford Fiesta Rally3 foi o carro que se revelou mais inovador. Assim que a FIA lançou uma classe nova, a Ford apresentou-nos logo uma hipótese válida para essa nova classe. Portanto, a perspetiva inovadora da Ford foi o que nos levou a escolhermos este ano a marca norte-americana e a estarmos satisfeitos com o Ford Fiesta.

Quais são os valores que consideram que a Ford partilha convosco?
Nuno: Essencialmente, é a dinâmica, a inovação e a capacidade técnica da resposta que a Ford nos dá. Obviamente, podemos também falar de design. Eu, particularmente, gosto muito do design deste carro, mas é sobretudo a dinâmica e a certeza de que estamos a trabalhar com uma marca que nos dá a garantia de estar sempre connosco, colocando-nos à disposição soluções inovadores. Desta forma, podemos fazer aquilo que sabemos, que é andar muito depressa para alcançar os melhores resultados. A Ford dá-nos garantias.

Da vossa experiência, que características destacariam no Fiesta Rally3 que fazem dele um carro vencedor?
Daniel: Penso que a chave fundamental é o carro ter um chassis fenomenal, ter umas suspensões muito boas, muito acima da média, a caminho da última evolução dos R5. O Fiesta Rally3 tem de tudo. Já fui campeão muitas vezes, já guiei muitos carros e posso dizer que o Ford Fiesta Rally3 é o melhor carro que eu guiei até hoje, um carro dócil. Tem muito potencial.

Nuno: É efetivamente um carro excelente com características fantásticas. Tem boas suspensões, tem bons travões e acima de tudo tem um bom chassis. A nós, cabe trabalhar afinações e evoluções de motor para conseguirmos colocar mais potência no chão, mas toda a base está muito bem construída. Confiamos que este carro vai dar-nos muitas alegrias.

Como fazem para conciliar a vossa vida profissional com os ralis?
Nuno: De facto, tanto o Daniel como eu não somos profissionais deste desporto, gostávamos muito de viver só do desporto motorizado, mas ainda não é possível. Felizmente, a nossa vida profissional permite-nos conciliar o trabalho com os ralis, mesmo quando estamos a treinar. Além disso, aproveitamos as férias e todos os tempos livres para os dedicar aos ralis. É desta forma que tentamos balancear a nossa vida profissional com esta ocupação que já é mais do que um simples hobby, porque levamos realmente o desporto motorizado muito a sério.

Desta forma, revelam muito amor, paixão...
Nuno: Se me permite, é mais paixão que amor, porque tomamos muitas vezes decisões que são fruto de uma entrega absoluta. Por isso digo que paixão é a palavra que melhor descreve a forma como vivemos e nos entregamos a este desporto. Daniel: Exatamente! Eu nasci no meio dos carros de competição e não foi por acaso que aos 14 anos comecei a competir no rali cross e aos 15 fui campeão. A paixão por este desporto levou-me, apesar das dificuldades, a fazer sempre uma época, época e meia e assim tem sido até hoje. Tenho dedicado a minha vida às corridas praticamente desde a infância. Por isso, passar as férias ao volante de um carro de corridas, acreditem, não é o maior dos nossos sacrifícios. Mas como se diz, quem corre por gosto não cansa.

A posição do Nuno, como copiloto, é uma posição difícil, não? Coloca-se nas mãos do piloto, não tem medo? Nuno: Pode-se pensar que nada depende de mim, mas não é essa a realidade. O Daniel conduz, mas sou eu quem o guia. Na verdade, pomos a vida nas mãos de um e de outro, pois quando o Daniel avança para uma curva cega e eu lhe digo que é para ir a fundo, ele também acredita nas minhas palavras. Se não for a fundo, estamos os dois dentro do mesmo barco e sofreremos os dois as consequências. É uma relação de confiança. Eu tenho de confiar que ele sabe o que vai a fazer e ele tem de confiar que eu sei o que vou a dizer.

Depois, a questão do medo, já passou há muito. Os carros têm sistemas de segurança que nos protegem e, como tanto o Daniel como eu já tivemos acidentes com alguma gravidade, já percebemos que os riscos estão controlados. Além disso, quando entramos num troço cronometrado, o nível de adrenalina é tal que nem há dores de cabeça, nem há dores de dentes, nem há pensamentos que nos afastem do momento presente que estamos a viver. É aquilo que eu considero ser o estado de concentração puro, porque naqueles 10, 12, 15, 20 minutos em que vou a ditar notas ao Daniel e o Daniel vai a conduzir estamos exclusivamente concentrados naquilo que estamos a fazer e em mais nada.

Daniel: Ser copiloto não é nada fácil. Eu já estive no lugar do Nuno num rali extra campeonato e deu bem para perceber que não é uma tarefa fácil.

Como é a vossa preparação para as corridas, como treinam?
Daniel: Um momento muito importante na preparação da corrida é a fase do reconhecimento do rali. Nesta fase, há limites de velocidade que não podemos ultrapassar e tenho de dar todas as informações ao Nuno para ambos analisarmos o percurso, anotando os nossos reconhecimentos e garantirmos que está tudo no ponto para no dia da competição andarmos no Ford ao mais alto nível.

Nuno: Basicamente, o que fazemos é percorrer e passar todos os quilómetros de cada classificativa para o papel. Todas as curvas, todas as retas, todos os ressaltos, as raízes, as pedras... Tenho de escrever todo este tipo de dados no papel. O Daniel vai-me dizendo aquilo que vai a ver na estrada e eu aponto isso tudo. Na segunda passagem, eu leio-lhe aquilo que ele me ditou e vamos corrigindo cada pormenor. Este reconhecimento do percurso é imprescindível para no dia do rali correr tudo bem, passarmos ilesos e obtermos um bom resultado.

Daniel: É um trabalho necessário e exigente, pois os bons resultados também dependem em grande medida de um bom reconhecimento. Num primeiro momento, na estrada e, depois, no hotel, visualizando vídeos e confirmando que está tudo preparado para o dia da prova.

 

(COMUNICADO FORD)