Terminou mais uma edição do Campeonato de Portugal de Ralis que, por muitos motivos, ficará certamente na história da modalidade. Depois de um rali "estranho", Kris Meeke superou todas as contrariedades (penalizações, toques, erros do road-book, etc) para conquistar um título justo, merecido e com mérito de ser claramente o piloto mais rápido do CPR. Alguém tem dúvidas disso?
Com uma carreira de mais de 20 anos, Kris Meeke obteve em 2024, em Portugal, o seu primeiro título absoluto. A aposta de 2023, primeiro com Craig Breen, só não deu os frutos esperados nesse mesmo ano devido ao infortúnio deste piloto, mas assim que Meeke começou a correr em Portugal ficou evidente que poderia ser vencedor do CPR, diria até, com alguma facilidade e naturalidade.
2024 veio provar exatamente isso, mesmo que só tenha conseguido vencer no derradeiro troço, do derradeiro rali e com o bónus dos pontos da Power Stage no Rali Vidreiro. Contudo, sempre que teve o carro em condições, o piloto do Team Hyundai foi sempre o mais rápido nos troços, muitas vezes com grande vantagem e, nesta prova, voltou mais uma vez a ser evidente que a sua experiência mundialista é ainda um ativo que o diferencia dos restantes pilotos do pelotão do CPR.
Neste Rali Vidreiro Meeke só não andou mais tempo na liderança da prova, pois foi penalizado por erro no percurso, e mesmo tendo ainda cometido um dos seus excessos habituais (bateu num passeio no 5º troço), conseguiu terminar no terceiro lugar da geral e ser demolidor na Power Stage para obter os pontos necessários para não permitir que Armindo Araújo fosse novamente Campeão.
Quanto a Armindo Araújo ficam também muitas certezas. É sem dúvida nenhuma o mais rápido dos pilotos de ralis em Portugal, foi o único que deu luta até ao derradeiro troço do Rali Vidreiro a Kris Meeke e venceu neste ano três provas... que ninguém vence sem que tenha mérito!!! Nesta prova, Armindo Araújo também não esteve perfeito, com más escolhas de pneus e com um pião na parte da manhã de Sábado, mas fez o que lhe competia neste momento da época: vencer o Rali Vidreiro. Não conquistou o título (ao contrário do seu navegador Luís Ramalho), mas continua a ser um piloto muito consistente, muito rápido e que continua sempre na luta pelos títulos ano após ano.
Certamente que as penalizações do final do primeiro dia aos pilotos do Team Hyundai, por engano no percurso, ainda poderão vir a fazer correr alguma tinta, podendo não só discutir-se se foram justas ou não e se o tempo de penalização atribuído também foi o correto ou não, até porque situações semelhantes no passado tiveram outra "moldura penal". Mas isso passarão certamente a ser águas passadas!!!
Não podemos esquecer também o desempenho de José Pedro Fontes nesta prova. Num rali que ficou a seu gosto, em que quase toda prova foi disputada sem chuva, José Pedro Fontes, que até nem teve um primeiro dia assim muito positivo, a verdade é que o terminou a 1ª etapa a apenas a 10,1s da liderança, atrás de um surpreendente Pedro Almeida. No segundo dia, conseguiu superar Pedro Almeida, mas foi também ultrapassado por Armindo Araújo, que parecia escalar para a vitória, quando tinha já 10s de vantagem para Fontes no final do sexto troço. Porém, no troço seguinte, fez não só um bom tempo, como ficou na liderança, após um pião de Armindo Araújo. Os dois foram para os dois derradeiros troços apostados em vencer, mas Armindo Araújo superiorizou-se por duas vezes ao seu adversário da Citroen, deixou-o no segundo lugar a 1,8s de diferença. A época não foi boa para Fontes, mas ficou mais uma vez evidente que no asfalto temos sempre que contar com ele.
Quanto a Pedro Almeida, foi por momentos a figura do rali. Por um lado, foi o líder no final do primeiro dia, o que é excelente, por outro protagonizou um despiste espetacular, no primeiro dia também, que não teve consequência de maior apesar de aparatoso. Já no segundo dia, com os troços mais secos, a sua prestação foi muito inconstante, pelo que foi descendo lugares, até terminar, mesmo assim numa boa 4ª posição, nunca se conseguindo defender da concorrência.
Neste rali, Ricardo Teodósio, que queria tanto vencer para acabar a época com uma alegria, a verdade é que se não fosse a penalização de 1m15s (a tal por engano no percurso) teria sido ele mesmo o vencedor, já que a sua diferença para Armindo Araújo foi de 1m09,2s. Andou rápido, deu espetáculo e venceu troços, pelo que o quinto lugar acabou por saber a pouco neste rali, numa época em que faltaram bons resultados.
Nas duas rodas motrizes, mesmo não precisando vencer, Gonçalo Henriques seria campeão, mas o agora jovem bicampeão deu ainda um cunho de classe e rapidez a este seu segundo título, vencendo de maneira convincente este Rali Vidreiro. Com o segundo lugar do seu "arqui-rival", Hugo Lopes acaba por levar também para casa mais um título, desta feita no Campeonato Júnior.
Em maré de títulos, neste final de temporada, destaque para Adruzilo Lopes, o rei do Promo, conseguindo nesta prova mais uma vitória e ainda mais um título nesta competição. Adversários precisam-se para o decano piloto, que continua a ser rápido de mais para a concorrência e a somar títulos atrás de títulos.
O no Clio Trophy Portugal o título foi para Danny Carreira. Talvez não fosse o favorito no início da época, mas mais uma vitória, no Rali Vidreiro, e uma excelente exibição esta temporada, deram o primeiro título neste troféu monomarca, na frente do experiente Gil Antunes.
Quanto ao rali em sim, nada melhor do que ouvir e ler todas as declarações dos pilotos e, sobretudo, do vencedor Kris Meeke, que apesar de ter saído desta prova com o título, saiu também muitíssimo desagradado com a organização e com os muitos erros do roadbook.
VENCEDORES DE TROÇOS
Kris Meeke (6); Ricardo Teodósio (3), Armindo Araújo (1)
COMANDANTES SUCESSIVOS
Pedro de Almeida (Pec 1 a 3); Armindo Araújo (Pec 4 e 5); José Pedro Fontes (Pec 7); Armindo Araújo (Pec 8)
CLASSIFICAÇÃO FINAL
CLASSIFICAÇÕES FINAIS (Oficiosas)
Absoluta
1º, Armindo Araújo/Luís Ramalho (Skoda Fabia RS Rally2), 1h05m47,1s
2º, José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroen C3 Rally2), a 1.8s
3º, Kris Meeke/Stuart Loudon (Hyundai i20N Rally2), a 27.8
4º, Pedro Almeida/Mário Castro (Skoda Fabia Rally2 Evo), a 53.0
5º, Ricardo Teodósio/José Teixeira (Hyundai i20 N Rally2), a 1.09.2
6º, Ernesto Cunha/Rui Raimundo (Skoda Fabia Rally2 Evo), a 2.44.6
7º Gonçalo Henriques/Inês Veiga (Renault Clio Rally4), a 3.53.6
8º, Hugo Lopes/Valter Cardoso (Peugeot 208 Rally4), a 4.02.2
9º, Guilherme Meireles/Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4), a 5.56.4
10º, Ricardo Filipe/Ricardo Faria (Skoda Fabia R5), 6.12.6
2RM
1º, Gonçalo Henriques/Inês Veiga (Renault Clio Rally4), 1h09m40,7s
2º, Hugo Lopes/Valter Cardoso (Peugeot 208 Rally4), a 8.6s
3º, Guilherme Meireles/Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4), a 2.02.8
4º, Pedro Silva/Roberto Santos (Peugeot 208 Rally4), a 2.20.1
5º, Rafael Cardeira/Luís Boiça (Peugeot 208 Rally4), a 2.36.1
Júnior
1º, Gonçalo Henriques/Inês Veiga (Renault Clio Rally4), 1h09m40,7s
2º, Hugo Lopes/Valter Cardoso (Peugeot 208 Rally4), a 8.6s
3º, Guilherme Meireles/Pedro Alves (Peugeot 208 Rally4), a 2.02.8
4º, Luís Caetano/David Monteiro (Renault Clio Rally4), a 5.01.2
5º, Diogo Marujo/Jorge Carvalho (Peugeot 208 Rally4), a 5.40.9
FPAK Júnior Team
1º, Eduardo Santos/José Marques, 1h22m51,2s
2º, Tiago Santos/Inês Braga, a 1m19,0s
3º, Francisco Custódio/Paulo Marques, a 2.53.4
4º, Afonso Costa/Frederico Meireles, a 23.48.4
CAMPEONATOS (Classificações oficiosas)
Absoluto: 1º, Kris Meeke, 167 pontos; 2º, Armindo Araújo, 165; 3ºs, Ricardo Teodósio e José Pedro Fontes, 96; 5º, Pedro Almeida, 75; 6º, Ernesto Cunha, 70.
2RM: 1º, Gonçalo Henriques, 150 pontos; 2º, Hugo Lopes, 131; 3º, Guilherme Meireles, 87; 4º, Pedro Silva, 83; 5º, Anton Korzun, 59.
Júnior: 1º, Hugo Lopes, 103 pontos; 2º, Gonçalo Henriques, 101; 3º, Pedro Pereira, 91; 4º, Guilherme Meireles, 85; 5º, Diogo Marujo, 58
FPAK Júnior Team: 1º, Francisco Custódio, 81 pontos; 2º, Eduardo Santos, 74; 3º, Ricardo Rocha, 73; 4º, Afonso Costa, 65; 5º, Tiago Santos, 48; 6º, Pedro Silva, 30.