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INAC(POR PAULO HOMEM)

O passado fim-de-semana poderia ter sido inacreditável e de sonho para os adeptos dos ralis em Portugal. E para alguns foi-o de facto, mas para mim não!!!

Aliás, considero que o que se passou no passado fim-de-semana, deixando de lado a questão desportiva, foi mesmo, a todos os títulos, verdadeiramente inacreditável. Os ralis em geral estão a passar pela mais profunda crise de identidade que algumas vez se assistiu no nosso país.

Eu explico. Começo pela inacreditável coincidência de datas entre o Rali de Mortágua e o Rali Legends Luso Bussaco. Como é possível, a meses de antecedência de realização das duas provas, a FPAK deixar que estas coincidam na mesma data, com a gravidade de serem as duas na mesma região e disputarem o mesmo público da região.

Já é mau provas de ralis coincidirem na mesma data, mas é mesmo muito mau coincidirem na data e na mesma região.

A FPAK está lá para gerir o desporto automóvel e é a autoridade máxima dos ralis em Portugal e, como tal, teria que impor a sua vontade e não permitir que uma situação destas aconteça. Na minha opinião isto não foi uma casualidade, foi propositado, com larga intenção de retirar valor ao Rali de Mortágua, tanto mais que se ventilou durante todo o fim-de-semana, que em 2022 esta prova já não está no calendário do CPR.

O resultado desta não decisão da FPAK foi desastroso, como disse com largo prejuízo para a prova o Campeonato de Portugal de Ralis, onde se decidia o título de Campeão.

Uma semana mais tarde não existe qualquer prova de ralis e o Rali de Tábua até já tido sido cancelado, pois a FPAK pretendia levar por diante duas provas do Regional Centro, em terra, em fins-de-semana consecutivos e também separadas geograficamente por pouco quilómetros, o que é inacreditável.

Os organizadores do Rali de Tábua felizmente tiveram bom senso de anular a prova, mas a FPAK não teve bom senso de decidir, porque está lá para isso (e teve tempo para tal), que o Rali de Mortágua não contaria para o Regional Centro. Esta não decisão da FPAK, conseguiu de uma só vez, liquidar com as duas provas do Regional Centro, pois nem Mortágua teve inscritos suficientes, nem Tábua se realizou.

Inacreditável foi também a total ou praticamente total ausência do Rali de Mortágua nos meios de comunicação generalistas nacionais. Apenas a Rádio TSF fez alguns apontamentos de reportagem, mas nem antes, nem durante, nem logo após o fim do rali se viu ou ouviu o que quer que fosse sobre uma prova onde se decidia "apenas" o campeão. Isto é inacreditável. Mais uma vez a FPAK esteve a leste, pois é a principal responsável pela promoção do campeonato.

Com a forma como ocorreu este encerramento do CPR a FPAK teve ainda a humilhação de ver que mais público esteve presente a ver o Rali Legends que o próprio Rali de Mortágua. Isto é inacreditável à luz do que se estava a discutir na derradeira prova do CPR.

Não menos inacreditável foi ter sido veiculada a notícia de as quatro provas de terra do CPR em 2022, três delas são internacionais e uma terá provavelmente a presença de muitos pilotos internacionais. O CPR arrisca-se em 2022 não ter um vencedor absoluto (terá seguramente um vencedor à geral do CPR) em qualquer prova de terra. Nada pode ser mais desprestigiante para o CPR do que uma situação destas!!!

Inacreditável é também ficarmos com a certeza de que os relatórios das provas não servem mesmo para nada. São apenas para inglês ver e como não são tornados públicos, ficamos com a certeza de que existem entidades e pessoas que não estão nos ralis de forma séria e construtiva.

Mais ainda. Três destas provas, ao serem internacionais, terão custos de participam altíssimos, pelo que serão poucos os pilotos do CPR que marcaram presença nestas provas. O que valerá um campeonato com cerca de uma dezena de inscritos? Nestas provas, curiosamente, a credencial FPAK, para jornalistas e fotógrafos, valerá ZERO!!!

Inacreditável foi ver também que apenas 22 equipas se inscrevem para o Rali de Mortágua. O que mesmo assim até não foi mau face a outras provas (por exemplo face ao Rali de Portugal e ao Rali Serras de Fafe). É muito preocupante ver o CPR a definhar de ano para ano e de prova para prova e, ainda por cima, sem sucessão, pois não aparecem de facto novos valores na calha. Teme-se portanto o pior se a FPAK continuar a olhar para o lado e a dar cobertura a jogos de bastidores que estão a levar o CPR para o abismo!!!

Como o que se passou no fim-de-semana passado, os ralis não ficaram nada a ganhar, só mesmo a perder. Perderam os organizadores, os adeptos, as equipas, os pilotos e a modalidade em geral, que foi muito maltratada.

Com o pós-Mortágua e com todo o vazio que se vive em torno do CPR, temos a certeza que o campeonato bateu no fundo, ou melhor, já começou a escavar a sua sepultura.